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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

E o meu amigo chutou a jaca...


O que acontece conosco que, as vezes, perdemos a noção da realidade e andamos como se não soubessemos para onde...
É como se fossemos uma árvore, na qual o vento bate e a vai fazendo com que as folhas secas comecem a cair; como se não tivessemos mais forças para decidir aquilo que nos é melhor.... somos despidos de nossa razão ao sabor do vento.
Somos escravos dos nossos sentimentos e muitos entre nós, das suas emoções.
O desconhecimento da intensidade da ação de todas essas forças, de um momento para outro, pode nos derrubar, jogando-nos na dificil realidade da vida, onde a dor poderá estar presente...
- Mas do que estás a falar? me pergunta o amigo!
- Da vida... da dor...do amor... quem sabe da ilusão... ou da desilusão!
- Quanta balela! retruca ele; Só falta me dizer que a paixão da tua vida, via web, virtualmente se fez presente...
Penso: Louco! louco! Que louco fui!
Em seu humor instável, meu amigo chutou a jaca acertando bem na minha testa; vai ser adivinho assim lá na China.
Tudo sempre começa sem compromisso ou qualquer outro modo de pressão; é adiciona aqui, adiciona lá e assim vai...
Teclam-se as primeiras palavras; os assuntos são os mais váriados, sempre corriqueiros, sem intimidades. Mas com o passar dos dias, sem mais nem menos, surge a oportunidade de entrar na seara pessoal; intensifica-se nos escritores, o aspecto emocional e a partir daí, a carga energética que acompanha cada palavra digitada é muito grande. A atenção dada ao escritor oposto cresce, assim como a ansiedade, seja pela espera da hora a iniciar o contato, seja por aguardar uma simples resposta, a qual, nesse momento começa a se tornar secundária, pois o que é importante mesmo é a conexão, o pensamento e o diálogo com o outro escritor.
Nas palavras escritas por quem está do lado oposto, atrás do outro microcomputador, vem colocado sempre, muito daquela pessoa.
Tivessemos a sensibilidade aguçada, sentiriamos em cada frase digitada, a emoção correspondente ao sentimento expresso por quem a escreveu.
Meu amigo, me olhando, pergunta meio incrédulo: - Acertei?
Apenas olho para ele e sorrio.
E ele: - Tá louco zé mané?! Pirou de vez?! Você sabe o que está fazendo?! Não sabe não! Aposto que não sabe! Pirado de uma figa! Com tanta coisa sendo noticiada nos jornais... não viu aquela estória da mulher que armou pro sujeito que estava do outro lado do país...
Sem prestar mais muita atenção, comecei a lembrar dos diálogos que teclavamos; o que eu tinha de real que retratasse aquela mulher? Sua foto, seu e_mail e seus escritos; foi tudo o que bastou para que eu entrasse de cabeça naquela aventura.
Meu amigo vendo que eu não estava prestando atenção ao que ele dizia, questionou novamente, com uma delicadeza que lhe é toda peculiar: - Pelo menos encontrou ela? Deu uma lambidinha?
Sorrindo murmurei: você não tem jeito mesmo, cara! Isso foi suficiente para encerrar aquela conversa.
Vivemos o dia-a-dia presos a formas e conceitos e quando menos esperamos tropeçamos nas fantasias da nossa imaginação... ou será que nossa imaginação nos faz tropeçar para que prestemos mais atenção às fantasias?