Era uma vez, uma pequena indiazinha chamada Pedra que Brilha.
Pedra que Brilha era filha única do Cacique e era muito mimada. Tudo que ela queria lhe era dado, mas um dia, o velho curandeiro da tribo a encontrou sentada em uma pedra, na beira do rio e lhe perguntou: - Por quê você está triste pequena Pedra que Brilha?
Ela o olhou e respondeu: - Meu querido curandeiro, sabes o que meu coração sente por Ponei Branco, não sabes?
- Sei, sim, pequena Pedra que Brilha... mas o que é que está acontecendo?
- A filha do chefe Aguia Caçadora foi prometida a ele, em casamento...
- Ela é da tribo do vale, pequena Pedra que Brilha?
- Sim...
- Então não há o que possa ser feito. Há muitas luas que estamos buscando maneiras de não guerrearmos mais; precisamos voltar a ter paz!
- Mas, e eu, curandeiro? O que faço com esse sentimento?
- Minha pequena, agora você precisará ter muita paciência e entendimento, pois é o bem estar de muitos que está em jogo.
O velho curandeiro se afastou, deixando Pedra que Brilha entregue a seus pensamentos, quando, repentinamente aparece em meio a um redemoinho, o Saci Pererê: - E daí, guria? Que que manda?
- Oi, Saci Pererê, que bom que você está aqui; que legal!
- Pedradona, parece que tu tá meio assim, triste? É isso mesmo guria?
- É sim, sacizinho; me amarrei no Ponei Branco mas ele vai se casar com a intrometida da Lua Refletida, daí estragou o meu pesqueiro...
- Mas você tem outros admiradores, Pedradona...
_ Quem? Penacho Rosa? Aqueles carinhas do Fruto Maduro?
- É... Tá meio sem opção,mas... se tu quiseres, tô aqui guria!
- Você, Sacizinho? Será que você dá conta?
- Mas, guria, o que me falta é só uma perna; fora isso, tô aí , inteiraço...
- Sei lá... de vez em quando escuto o pessoal falar que você fica segurando em bengala alheia...
- Qué isso guria? Qué isso? Segurei uma vez ou outra que tive um quedinha, mas quem não tem? Não achas?
- Tá bom Sacizinho; vamos falar com meu pai!
- Aí oh guria, teu velho tá enxuto einh; De vez em quando, passo sem querer por perto do rio e vejo ele se banhando, com aquela musculatura toda...
- Sacizinho!
-Ta bom, ta bom... só constatei!
Assim, com a aprovação e desconfiança de toda a aldeia, Pedra que Brilha casou com Saci Pererê; o padrinho foi um grande amigo deles, o Caapora que tinha os pés virados para trás.
Todas as providências para a festa, foram da responsabilidade de Saci Pererê, que encheu o espaço de arcos de bambu com rosas, taças de coco, flores e mais flores...
Um pouco antes de terminar a festa, Pedra que Brilha Pererê procurou o Saci e disse-lhe: - Vamos Sacizinho; está na hora e eu já passei da hora.
Mas guria! Mas ainda é cedo demais! E além do mais, ainda preciso dá um olé.... eu vo pedir pro compadre Caapora te levar até meu espaço, que eu vou na balada e já, já volto.
Meio triste e decepcionada, Pedra que Brilha Pererê foi para casa na companhia do Caapora; Alí chegando, depois do papo legal que rolou durante a caminhada, Pedra que Brilha Pererê perguntou ao Caapora: - Não quer entrar um pouquinho...tomar alguma coisa?
- Bom, enquanto o cumpadre Saci não vorta, eu posso fica fazeno companhia prá você...
- Aí, que bom compadre! Então vem!
Conversa vai, conversa vem e nada do danado do Saci Pererê chegar.
O Caapora vendo a tristeza de Pedra que Brilha Pererê, se aproximou e a abraçou, dizendo: - liga não; liga não! Ele tá girando no redemoinho por aí; logo vorta...
- Ah! Compadre, eu tô tão necessitada...
- Booom, inté pudemo arranja um jeito de te ajudá... se tú quisé, pois que num é obrigada.
- Ah! Eu quero sim, compadre. Eu tô que tô me piscando toda aqui e o Saci nem sinal...
- Intão a gente só percisa fica de oio, purque se o cumpadi Saci chega, vai fica cumpricado dimais; ele é muito danado... é capaiz de muita coisa...
- O saci? Tem certeza compadre?
- Oh! Você não conhece esse Pererê direito ainda, minina... ele é muito danado...
- Então vem, compadre... aqui mesmo que não aguento mais...
Rapidinho,rapidinho, foram umas cinco seguidas...
Terminadas as rapidinhas, Caapora falou: - Minina, perciso i imbora, mas posso vorta amanhã... se tu quisé é logico, qui num é obrigada...
- Ah! Compadre! Tu volta aqui quando quiser, agora que já temos intimidade, qualquer hora é hora; é só dá um jeitinho...
Um pouco antes de amanhecer o dia, chegou Saci Pererê; estacionou seu redemoinho, entrou em casa e foi direto para o quarto onde encontrou Pedra que Brilha Pererê dormindo. Como estava cansado, tirou a roupa, deitou e dormiu também.
Lá pelas 10 da manhã, Pedra que Brilha Pererê acordou e viu Saci Pererê a seu lado, dormindo profundamente; curiosa como toda mulher, levantou o lençol para dar uma olhadinha no Saci pelado. Quando ela conseguiu ver o que queria, deu um berro; Saci Pererê acordou assustado e ficou olhando para ela que, vermelha, disse: Oh meu, desculpa aí vaí; Foi mal! Mas não pude me conter não! Quando olhei até pensei que você tinha duas pernas...
- Não se preocupa não, Pedradona; tá tudo bem...
- Pô meu! Mas isso aí é muito grande, tá até me dando calor...
- Eu te disse guria: tô inteiraço meu...
Pedra que Brilha Pererê, olhou para Saci Pererê e, fulminando-o com os olhos, perguntou: - De que adianta isso aí, se não serve para nada? Por que que você não chegou cedo ontem, seu animal?
Pedra que Brilha Pererê, não sabia se brigava ou se, se jogava em cima do Saci Pererê – seus olhos brilhavam, de sua boca escorria saliva, e de seu corpo, abundava o suor enquanto tremia por completo.
Saci Pererê, com um sorriso no canto da boca, dizia: - Calma, calma, guria... Eu tive que fazer, tipo, uma grana extra e não deu prá chegar aqui prá conferir o material... Mas, espera só um pouquinho; vou tomar uma ducha e já volto...
A partir desse dia, Pedra que Brilha Pererê, andava com um sorriso duplo que deixava as outras indiazinhas com a maior inveja. Mas Saci Pererê não estava contente; ele só ficaria satisfeito quando Pedra que Brilha Pererê desfilasse com um triplo sorriso...
E assim se passaram os dias, Pedra que Brilha Pererê com um duplo sorriso e Saci Pererê, tentando fazer o terceiro sorriso dela.
Embora toda a felicidade que tinha, Pedra que Brilha Pererê não podia esquecer do Caapora, que afinal tinha sido o primeiro com quem havia transado e portanto, não podia esquecê-lo.
Assim, sempre que Saci Pererê saía, no comecinho da noite, Pedra que Brilha Pererê corria pro banheiro se arruma e o Caapora já chegava tirando a roupa e se jogando em baixo das cobertas; Pedra que Brilha Pererê se divertia muito quando olhava Caapora em baixo das cobertas, pois como ele tinha os pés virados para trás, sempre parecia que estava de barriga para cima; mas isso não importa para eles...
Até o dia em que o Saci Pererê saiu, mas como estava com saudades de Pedra que Brilha Pererê, resolveu voltar não haviam se passado nem cinco minutos...
Após entrar em casa, rápidamente foi para o quarto e olhando para cama, viu Pedra que Brilha Pererê deitada de barriga para cima em baixo das cobertas e pensou: - Que mulher maravilhosa que eu tenho; vou surpreendê-la ...
Assim, tirou as roupas, se dirigiu aos pés da cama, levantou um pouco as cobertas e se atirou em cima daquele corpo, fazendo com que o Caapora desse um tremendo grito...
Pedra que Brilha não é mais Pererê pois se separou do Saci Pererê que vive recebendo o assédio e flores do Caapora, desde aquele fatidico dia...
Nossa! O Caapora acabou se apaixonando pelo Saci (rsrsrs)..
ResponderExcluirBeijos!
Assim é a vida minha querida amiga; o munda da voltas e quando você menos espera, surpresas acontecem...
ResponderExcluirGrato por me visitar e pelo comentário.
Bjs!
Moral da história: "Mais vale um passarinho na mão do que dois voando..." Hahaha. Adorei o post!
ResponderExcluirBeijos, Paulo.
Oi, minha queridissíma amiga!
ResponderExcluirO "mais vale um passarinho na mão" é por sua única e absoluta conta: tô fora - rsrsrs
Bom que você gostou!
Bjs!