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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Efemêra Liberdade

Engana-se, quem acha que pode fugir às suas responsabilidades, enquanto habita o corpo físico.

Efemêros são os prazeres existentes nesta vida de terceira dimensão; os criamos como “escape” psiquico às atribulações que nós proprios geramos. Vivemos correndo atrás de melhores condições financeiras, sucesso, projeção social, etc, como se fossem esses os únicos objetivos a alcançar, nos esquecendo com frequência que, a realidade verdadeira é a espiritual e não a material.

É obvio que, na maioria das situações a escada para se atingir essas “melhores condições” são nossos semelhantes; é através da exploração deles, que buscamos melhorar nossa condição social e econômica, sempre querendo mais e mais, sem nos darmos conta de que, outros, imbuidos da mesma ambição, também nos pisam rumo à sua ilusória situação de melhoria.

Pode-se afirmar que a resultante dessa corrida desenfreada na busca de recursos materiais, gera tantos problemas a nível social que acaba por reduzir ainda mais, nossa felicidade e liberdade, em qualquer de suas múltiplas facetas.

Um exemplo hipotético mas verossímil:

“Augusto, um funcionário público, que julgava ter um baixo salário, começou a aceitar propinas para facilitar a execução de contratos fraudulentos; com o passar do tempo, avaliou ele, que havia necessidade de se resguardar no sentido de justificar os bens que começava a adquirir. Assim abriu uma empresa que foi registrada em nome da esposa; obviamente que tal empresa, comercializava produtos necessários ao dia a dia do órgão público no qual era servidor. Não demorou muito para que a sua empresa também começasse a participar dos processos licitatórios e, ao final, graças a falcatruas e negociações escusas, conseguisse vencer licitações, em detrimento de outra pequena empresa, que lutava ferozmente para se manter no mercado e cujos sete empregados dela dependiam para sobreviverem. A partir de então, a vida de Augusto mudou significativamente, permitindo que ele tivesse e desse a sua familia, somente o melhor. Quanto à pequena empresa concorrente, após perder as licitações, se viu compelida a reduzir seu quadro de empregados e dos sete, demitiu dois, um dos quais, o João, cuja familia dele dependia. Sem um preparo adequado, João buscou desesperadamente por um emprego que viesse a lhe garantir a subsistência da familia, constituida por ele, a esposa e dois pequenos filhos; mas a existência de vagas para pessoas sem capacitação técnica era e é quase inexistente e João foi procurar uma atividade na área de prestação de serviços como autônomo. Buscou na jardinagem, uma saída para seu problema, mas em cada casa que oferecia seus serviços, recebia negativas - plenamente justificadas, se considerarmos que a insegurança que nos cerca hoje, faz-nos pensar algumas vezes para permitir que um estranho adentre o quintal da nossa casa. Assim João, passou a depender da caridade alheia e sem mais recursos para sustentar sua familia, não viu outra saída a não ser furtar, o que se mostrou perigoso e sem resultados expressivos. Então o roubo, embora perigoso também, tornou-se a opção. Assaltos a mão armada adquiriram frequência até o dia em que, ao tentar roubar um jovem, o mesmo reagiu, obrigando João a se defender e infelizmente, atirar. João foi preso e o jovem universitário, que por ironia do destino era filho de Augusto, o funcionário público, morreu; mas a sequência de fatos resultantes da ambição de Augusto, não pararam por aí: a mulher de João, a partir de então, passou a trabalhar mais, deixando seus filhos expostos aos riscos de uma sociedade decadente, tornando previsivel o resultado: ambos os filhos, passaram à marginalidade com o tráfico, consumo de drogas e a prostituição.”

Essa, com certeza, é uma história bastante comum em nosso país e que deixa algumas questões a serem analisadas:

De que adiantam excelentes condições financeiras, sucesso, projeção social, etc, se:

- As atribulações nos estressam, provocando diversos males físicos?

- Não temos liberdade, para ir até a esquina sem o risco de sermos assaltados?

- Não conseguimos fazer uma tranquila refeição em um restaurante ou lanchonete, sem que crianças venham nos pedir um pouco do que comemos?

- Nossos filhos não podem mais brincar sozinhos em parques e áreas externas, pois temos receio que venham a ser raptados; que sumam como tantas outras crianças, que não mais foram encontradas?

- Não conseguimos deitar a cabeça sobre o travesseiro e dormir, pois nos vem à lembrança que milhares de pessoas sequer conseguiram fazer a primeira refeição do dia...

De que adiantam tantos recursos materiais?

Paulo Pinto Pereira

Curitiba, Paraná, 09/06/2010

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