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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

E o Sol Saiu...

Recebi por e_mail, esta narrativa de um morador de Itajaí. Infelizmente não sei quem emitiu este e_mail, mas ele merece ser divulgado para que tenhamos uma leve idéia das coisas que acontecem e de tudo que está envolvido em situações de desastre natural. As diversas faces de nós, brasileiros, aqui está registrada; Merece lágrimas de tristeza, mas também merece lagrimas de orgulho e alegria.
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Meus amigos,

Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta "folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor.
Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.
Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.
Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.

- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.

- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.
Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- As pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.

- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

8 comentários:

  1. Paulo, o que aconteceu aqui em SC foi terrível. Nós que estamos vendo tudo de perto podemos entender perfeitamente essa carta. Quem vivenciou a situação, pode falar melhor sobre sofrimento, angústie e dor. Tenho levado uma hora e mais para chegar ao colégio em que trabalho que fica na praia, pois a barreira que caiu na Sc 401 e matou pessoas, ainda não foi retirada. Vemos essa imagem todo dia, é desolador. Tudo aqui está ruim: o trânsito, os rostos das pessoas, as energias, tudo está muito stressante. Beijos, querido!

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  2. Lindo, Paulo! Que pena enviarem o email sem autoria. É uma oração. Aqui no RS estão todos se movendo para doações de mantimentos, materiais de limpeza, eletrodomésticos, etc. É nessas horas que a doação é mais necessária, e o pouco que pudermos ajudar, já é um grande feito.
    Beijos.

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  3. Paulo, aqui em Fpolis, assim como em outros municípios de Sc, a realidade se apresenta da mesma maneira: muito sofrimento e desolação. Está difícil até para as autoridades encarar os fatos e resolver, num curto período de tempo, tudo o que ocorreu de trágico. Valeu por postar essa carta, é só mais uma demonstração do que foi e está sendo esse acontecimento. Abçs!

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  4. O stress pelo qual vocês estão passando é muito forte, mas logo, com a graça de Deus, tudo estará normalizado. Em pensamento sempre estamos com vocês.
    Bjs!

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  5. Alessandro, eu só sinto que não tenhamos cultura prevencionista; neste pais, tudo é feito depois que o problema acontece. Muito de todo esse sofrimento poderia ter sido evitado, mas vê se essa turma aprende! Vai continuar tudo como está, até que volte acontecer novamente, seja aí ou em qualquer outra parte do Brasil. Isto é um circulo vicioso. É lamentável!
    Deus de forças a vocês para superarem logo todas essa dificuldades!
    Abraços, meu amigo!

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  6. Daniela, minha querida amiga!
    Não temos como conter a natureza, mas podemos estar preparados para minimizar os efeitos dessas catastrofes. É muita inconsequência...
    Beijos!

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  7. Ah, Paulo que lição de vida, hein...
    Nesta 6a , vou fazer meu depósito, prar poder ajudar, tentar, pelo menos...
    Voltei e aviso que tem post novo lá em casa, alias, todas as 2as!!!
    Bjux

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  8. Minha querida, se nossas escolhas fossem certas, muito já poderia ter sido feito e minimizaria bastante a presente situação. A grande e verdadeira falha da ditadura que tivemos foi ter sido paternalista, não permitindo que continuassemos a desenvolver nosso senso critico, o que poderia ter evitado que tantos demagogos e populistas tomassem o poder para nada fazer.
    Beijos querida!

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