A cada 1 minuto de tristeza perdemos a oportunidade de sermos felizes por 60 segundos.
Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia 'o Infalível'. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.
O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.
Aliás, fico até mais tranqüilo diante do 'eu não sei ao certo' dos médicos; prefiro isso ao 'estou absolutamente certo de que....', frase que me dá arrepios.
E o que fazer... para evitarmos essas drogas? Como?
Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias, criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida 'bandida'.
Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo, nunca, pois dali só há um caminho descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.
Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos.. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos.
Coloquem a palavra FELICIDADE no topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas 'bobagens' e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.
Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro.
Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante). Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade. Parodiando Maiakovski, que disse 'melhor morrer de vodca do que de tédio', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.
Dicas para escapar do Alzheimer:
Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.
Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro.
Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa.
O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. Tente fazer um teste:
- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho.
A proposta é mudar o comportamento rotineiro!
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
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'Critique menos, trabalhe mais. E, não se esqueça nunca de agradecer!' Ame muito e sempre!
Sucesso para vocês!!
Roberto Goldkorn
Psicólogo e escritor
Paulo, estou que nem tu, de férias no blog (inverno, dá uma preguiça escrever...). Mas não esqueci os amigos. Alzheimer é cruel, é como se outra pessoa tomasse o corpo da que ficou, pois não nos reconhece e não é mais a mesma. É estar morto, vivo. Um colega meu, cuja mãe morreu com Alzheimer, disse que ela vivia exercitando o cérebro, era viciada em palavras cruzadas, lia muito e era professora, tinha que estar sempre atualizada. Ou seja, quanto tem que ser...
ResponderExcluirMas não podemos nos acomodar, qualquer coisa que dizem que evita, não custa fazer.
Beijos pra ti.
Olá, minha querida Daniela!
ResponderExcluirAprender a administrar o tempo... ainda não aprendi...rsrsrs... mas é muito bom revê-la; fico feliz!
Quanto a Alzheimer, creio que somente atividades mentais são insuficientes para evitar, sendo indispensável, o exercicio físico para que ocorra a correta circulação sanguinea. Se você se propor a caminhar 20 minutos diariamente, no formato de exercicio, ou seja, caminhar sem conversar com ninguem e a uma velocidade constante e aliar ao seu dia a dia, atividades de leitura, etc, então sim, creio que o resultado será positivo.
Que bom ver você!
Beijos!
Paulo,
ResponderExcluirTive a experiência (triste por sinal)de ouvir a mãe de uma grande amiga, no início da doença, me dizer que estava sentindo muita vergonha de si mesma por não conseguir mais lembrar coisas e por estar mentalmente tão confusa. Deste dia em diante, a vi embarcando num processo relâmpago de degeneração mental e física, morrendo alguns meses depois. Fico pensando se é realmente eficaz uma prevenção contra este mal através de mudanças de hábitos e práticas de exercícios físicos e mentais? Torço para que sim! Pelo relato do autor do post sobre o Alzheimer no blog, não me pareceu ser o seu pai um homem de pouca atividade mental ou intelectual. E as pessoas que eu conheci e que também foram abatidas pelo mesmo mal, também não eram pessoas inativas intelectualmente. Daí o meu questionamento sobre as causas desta doença tão triste e comovente.
Beijos,
Angela
Angela, querida amiga, imenso prazer em recebê-la aqui.
ResponderExcluirInteressantes suas colocações, mas pediria a você que observasse dois fatos muito comuns: pessoas que tem atividade mental e intelectual intensas, normalmente, tem pouco ou quase nenhuma atividade física e pessoas que tem muita atividade física, tem pouca atividade intelectual, mas proporcionalmente, mais intensa que o tipo mental/intelectual. E, entendo eu, ambas são necessárias para reduzir a probabilidade de ficar refém desse mal. Aqui estamos considerando somente o aspecto físico/intelectual dado pela medicina ocidental. Esta semana colocarei outro post, que relaciona doenças com o aspecto espiritual...
Ainda temos muito que aprender, minha querida amiga.
Beijos!